terça-feira, 13 de outubro de 2009



Parando uns 15 minutos para escrever este texto, deixei neste momento (em parte) de ser adulto. Calma, vocês não devem estar entendendo nadinha de nada. Explicarei.

Aproveitando hoje o “dia das crianças”, por que acho que todos os dias é o nosso dia. É o nosso dia sim, ainda sou uma criança e não vou deixar nunca de ser. Estava reparando como é ser criança hoje. Pode não parecer... sei que adaptamos, mas criança hoje é tão ruim. Hoje aproveitei que por incrível que pareça fiquei em casa, ou melhor, com meus pais no interior (eles tem uma pequena casa no interior próximo de Mateus Leme). Dei-me o luxo de virar literalmente criança. Comi só bobeiras, doces, assisti desenhos o dia todo (nossa séculos que não fazia isso!), brinquei na terra com os cães que tem aqui (quatro lindos).


Mas no que estava dizendo, reparando como é ruim ser criança hoje (contando no som de Aladim). Hoje não existe mais, ursinhos carinhosos, ioiô com luzinhas, lego (melhor brinquedo que tive e ainda tenho), super Mário Bros, fazer túneis e estradinha na areia para brincar de carrinho... Brincar na piscina. O PSIII (Play Station IV) é a sensação do momento. Para que fazer tudo isso que esta escrito lá em cima se eu nem preciso me levantar do sofá ou do chão mesmo? Com alguns CDs de jogos posso passar o dia todo com um controle na mão e nem perceber que já passou a hora de ir a aula ou até mesmo dormir, a internet me proporciona altas emoções com o Messenger. Tem coisa melhor do que ficar no photoshop ou programas mais simples que qualquer criança de nove ou 10 anos já sabem mexer e ficar fazendo altas montagens de fotos para colocar no Orkut ou facebook?
Não estou sendo radical (ainda mais eu, que também sou fascinado com toda essa modernidade e praticidade). Mas as crianças hoje não sabem brincar como eu e muito de vocês que aqui estão lendo. Mas também hoje não tem tempo para serem crianças, acordar cedo ficar tempo integral na escolinha ou creche fazem com que elas já nasçam “semiadultas”. Elas já não vêem mais a diferença nem a hierarquiedade entre um adulto e elas, uma criança de 4 anos já discute conosco por igual.


As vezes fico tentando voltar no tempo (como um bom canceriano), as vezes queria ser um Peter Pan, e nunca poder crescer (ele que me inspirou escrever isso aqui, acabei de assistir o desenho dele na TV). Lembro que fui aprender inglês aos 15 para 16 anos e minhas priminhas com seis ou sete anos já falam (se bobear até mais que eu, que odeio). Por isso que estamos cada dia mais revoltados. Fui saber o que é roupas de marca quando comprei minhas primeiras roupas e tênis sozinho, e olha, já estava velho já tinha mais de 20 anos. E não achei ruim, foi um pouco estranho, me senti e ainda sinto um pouco estranho. Explicarei.
Toda vida aqui em casa fomos mais fechado, tivemos infância sim, mas não brincávamos na rua, não íamos à casa de amigos para brincar, meus maiores amigos sempre foram meus primos (todos da mesma idade), isso não culpa de meus pais, mas sempre moramos em bairros desertos (onde mal sabíamos quem eram os vizinhos), e pra que, sendo que sempre tínhamos tudo em casa? Geralmente meus primos iam lá para casa. Eu ainda era mais fechado ainda, sempre fui meio altista até os 18 anos, meio um “anti-social”, meus amigos sempre foram meus cães, mas não achei ruim por isso. Eu sempre vivi meio no mundo da lua (risos), por isso às vezes viajo muito na criatividade e nas boiolagens. Acredito que toda criança deveriam ter algum bicho de estimação, isso estimula a sensibilidade e a criatividade. Faz com que cresçamos mais justo e humano, que respeitemos os limites e necessidades dos outros.


E hoje, não diferente da minha época, quanto mais condições as famílias tem, menos infância as crianças terão, pois vão ter que acordar cedo, ter aula disso, aula daquilo, curso disso, curso daquilo, ver pai e mãe... Ai, mau, mau nos finais de semanas ou nas férias, pois eles estão trabalhando para torná-los homens de sucesso... Mesmo que arrogantes e sem respeito pelos outros. Acho que na minha casa demos sorte da minha mãe nunca trabalhar e ser essa mãe super protetora (isso até hoje, mesmo com meus irmãos já casados). Meu pai? Este só foi ver mesmo quando ele teve seu primeiro infarto e eu já tinha uns 17 ou 18 anos, pois ele sempre estava trabalhando e na hora do almoço quando ele ia almoçar em casa eu ainda não tinha chegado da aula ou então era ano que estudava a tarde e já tinha ido a aula.
Lembro aqui, que sempre meu pai chegava aos finais de semana com cada manivela (acho que se chama isso mesmo, onde enrola a linha para soltar pipa), cada uma mais bonita que a outra eu e o Bruno (meu irmão) já tínhamos até coleção, mas (risos)... Ele nunca me ensinou a usa-la e até hoje nem sei e nunca enrolei linha. Hoje aproveitamos um pouco da falta que ele fez no passado, mas não repõe aquele tempo. E vejo que tínhamos tudo para sermos meio “play-boy”, ele nos dava brinquedos caros, vagens... Para suprir sua falta do que ele não teve quando era pequeno (o que não deixa culpar sua ausência).


Escrevendo isso estava lembrando-se de quando ele teve seu primeiro infarto. (Antes na época de natal nós (eu, minha mãe e irmãos) enfeitávamos a casa toda, era um sonho, ainda mais para mim que sempre adorei luzes). No dia 24 de dezembro de 1998, minha mãe estava preparando aquele banquete (risos), só para nós cinco, que sobrará quase tudo no outro dia, quando recebemos uma ligação do funcionário de papai, dizendo que meu pai tinha passando mal e estava no hospital. Ele estava entrando para o UTI, estava tendo seu primeiro infarto. Aquele foi um ano meio conturbado para eles (minha mãe, meu pai e meus tios parte de pai), pois minha tia (minha 2ª mãe) tinha descoberto um câncer e já estava muito ruim, e para piorar minha irmã também descobre que estava com um tumor, imagina como não estava a cabeça deles, pois é o coraçãozinho dele não aquentou. Desde aquela época o natal nunca foi o mesmo. Ai estava pensando no sofá enquanto chorava e olhava o presente que já tinha ganhado por antecedência (meu primeiro teclado musical). Pensava no mesmo tempo que conversava com Deus, por que ele já estava querendo levar meu pai, agente não teve tempo de aproveitar, de brincar... de curtir ele e nem ele de curtir agente. Exatamente um ano depois em 1999 meu pai tem outro infarto e dessa vez pior ainda. Putz... Este foi Deus que deixou ele com agente. Desde então aproveitamos uns aos outros.


Enrolei, comecei a falar de criança e acabei de falar da minha família. Mas moral da história. Devemos aproveitar ao máximo nossos filhos, e nossos pais. Um dia agente cresce e o pai não viu o filho crescer, e um dia os pais tem que ir ou agente ir, e não vamos ter aproveitado eles.


Para terminar deixo aqui a abertura da novela que muito de nós ou quase todos assistiu quando criança, uma das melhores.